segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Michel Ciment, a arte de partilhar filmes

"Quando perguntei a um jornalista como conseguiam formar críticos tão extraordinários, fui informado acerca de um método muito inteligente e propositado usado na Alemanha. Pedem a um jovem crítico que escreva um artigo elogioso. Qualquer um é capaz de julgar desfavoravelmente; para elogiar, porém, é preciso ser um especialista.

A arte [de um crítico] exige de quem a exerce um talento extraordinário, memória emocional, conhecimento e qualidades pessoais. É muito raro encontrar todas estas qualidades reunidas numa única pessoa, razão pela qual são tão poucos os bons criticos.

Antes de mais nada, um crítico deve ser um poeta e um artista, para que possa julgar a produção literária do dramaturgo e a forma original e criativa que o ator deu a mesma. Um crítico deve ser absolutamente imparcial, para que suas opniões possam inspirar confiança." (C. Stanislavski - My life in Art)


Michel Ciment
 Nessa definição de crítico teatral ideal Stanislavski também descreve o crítico de cinema ideal. E o perfil por ele descrito coincide com o perfil de Michel Ciment, crítico francês e editor da revista Positif, cuja trajetória foi documentado em Michel Ciment, a arte de partilhar filmes. Ciment se destaca por ser um crítico que se permite apreciar os filmes, tem uma sagacidade incrível em "descobrir" novos diretores providos de talento, e também em reconhecer a decadência de um grande diretor.

No documentário Win Wenders fala que em um festival como o de Cannes, depois da primeira entrevista, já é possível saber todas as perguntas das 200 entrevistas seguintes, até que Michel Ciment chega, ele sempre tem perguntas sagazes, fugindo ao óbvio.

Ciment é também um grande apreciador de outras artes, como pintura, literatura, teatro, música, seu sucesso como crítico se deve a isso, pois ele não desvincula uma arte de outra. Também escreveu alguns livros sobre grandes diretores que marcaram a história do cinema: Kazan par Kazan(1973), Stanley Kubrick(1980),
Theo Angelopoulos (1989), Fritz Lang: le meurtre et la loi (2003), entre outros.

A lição que Ciment nos dá é que tanto criticos quando leigos devem se permitir amar o cinema, e não só o cinema, mas todas as formas de arte.

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