domingo, 31 de outubro de 2010

Ouça-me


Yang Yang

"Yang Yang é uma jovem que cuida sozinha de sua irmã Peng, uma nadadora que está treinando para as Olimpíadas de Surdos. Um dia Yang Yang encontra Tian Kuo, o rapaz que entrega marmitas na piscina onde Peng treina. Apesar de se comunicarem apenas pela linguagem dos sinais, o amor entre eles supera a lacuna criada pelo silêncio." (Resenha retirada do catálago da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo)

Ouça-me(2009) é o segundo longa-metragem de Fenfen Cheng, nascida em Taiwan, trabalhou como roteirista para séries de televisão antes de sua estréia como diretora de longas-metragens. Fato que existem diversos filmes de "primeiro amor"/"superação de barreiras, mas o que marca, neste filme em particular, é a inocência nele retratada.
Ouça-me

É divertido ver cenas onde um tenta se declarar para o outro, mas não consegue, pois tem vergonha, ou como se engasgam ao "falar", os mal entendidos que acontecem. É divertido pois nos lembramos que fomos exatamente assim em algum momento de nossas vidas, quando Tian Kuo, espera anciosamente Yang Yang entrar na internet, e diante da demora ou da ausência de respostas fica agoniado, começa a falar sózinho e inventa mil e uma explicações para ela não estar ali falando com ele.

É um filme fácil de assistir, embora a cultura Oriental seja completamente diferente da Ocidental, nesse filme podemos ver claramente um elo entre ambas. Apesar de adorarmos enfatizar nossa individualidade e nossas diverença em matéria de relacionamento e amadurecimento somos todos mais parecidos do que imaginamos.

Alan Parker's day!

                                                              
           "A great movie evolves when everybody has the same vision in their heads."   Alan Parker

Alan Parker
  Quinta feira(28/10/10) foi o dia do Sir Alan Parker na Faap, foram passados 3 filmes dele ao longo do dia(infelizmente não pude assistir Bugsy Malone - Quando as metralhadoras cospem), com direito a encontro com o Alan no fim da noite.


Bob Geldof
 À tarde assisti The wall(trailer - filme de 1982), já havia assistido ao filme, só que assistir The Wall no cinema é completamente diferente. Desde o princípio a turnê do disco The Wall seria um filme,a idéia inicial era fazer um filme à partir de imagens dos shows feitos na turnê, que já contavam com as animações do desenhista e catunista Gerald Scarfe, tais idéias só foram alteradas quando Alan Parker foi à EMI pedir permissão para adaptar a história, a gravadora disse-lhe que procurasse o Roger Waters pessoalmente, Parker conseguiu adaptar o filme, junto com o próprio Roger Waters, além de convencê-lo que ele não deveria dirigir o fime, nem interpretar o Pink(protagonista). Para o papel escolheram Bob Geldof, músico punk e revolucionário da Inglaterra. O filme é permeado pelo silêncio e angústia do personagem e pela expressividade das músicas e das imagens. Para quem quiser mais detalhes e curiosidades sobre o filme, o DVD, contém extras interessantissímos falando mais detalhes sobre o filme , da concepção às filmagens/montagem.

Brad Davis
Após The Wall, foi exibido o filme Midnight Express(O expresso da meia noite - 1978), baseado na história real de Billy Hayes, Billy é preso saindo da Turquia, no aeroporto, por tráfico de drogas(haxixe) no filme ele o fazia pela primeira vez, no intuito de vender somente para os amigos mais próximos, o verdadeiro Billy era mesmo um traficante de drogas. Foi condenado a 4 anos e meio de prisão, onde foi torturado fisica e psicologicamente, quando faltavam poucos dias para ser solto, sua pena foi alterada para prisão perpétua, o personagem enlouquece por um tempo, mas após a visita de sua namorada consegue se recuperar e fugir da cadeia.

No filme nota-se uma intensidade, principalmente na atuação de Brad Davis, um momento marcante no filme é a cena onde Billy tem uma luta com Rifki, dedo duro da prisão, e termina a luta arrancando a língua dele com a boca. Ao ser indagado sobre a intensidade do filme, principalmente nessa cena, Alan conta que todos se envolveram muito no filme, que o filme foi tão intenso por que conseguiram criar o "clima" para isso, que ele mesmo se envolveu muito no filme, e existem até fotos do próprio Alan Parker interpretando essa cena, rindo-se ele se lembrou que após fazer essa interpretação metade da equipe estava em um canto afastado do set.

Brad Davis- Cena do tribunal

Após a sessão ele nos contou alguma curiosidades. Na divulgação de Midnight Express estavam presentes Brad Davis(ator), o verdadeiro Billy e o próprio Alan, durante as viagens notou que Billy sentia-se como se fosse realmente uma estrela e o ator estava realmente acreditando que havia passado 4 anos na prisão. O triste é que o ator nunca conseguiu realmente se recuperar após o filme, nunca mais teve nenhuma atuação significativa, morreu em 1991, aos 45 anos.

Sobre a dificuldade de se fazer um cinema artistico, Alan fala que o foco de Hollywood tem sido o de um público mais jovem e imaturo, por isso a predileção por efeitos especiais. Em entrevista ao Ultimo segundo: “Filmes deviam nos fazer pensar sobre nossas vidas e nas vidas de outras pessoas. A razão de ir ao cinema não é está relacionada à tecnologia, mas sim para ouvir o que alguém tem a dizer. Do contrário, na minha opinião, o filme não tem razão de existir. Torço para que essa moda passe, as pessoas cansem e um dia percebam que o 3D era apenas uma farsa.”

O encontro com Alan doi uma verdadeira aula sobre direção cinematográfica. Infelizmente não lembro tudo o que foi falado na mostra, mas acredito que logo seram liberados vídeos desses encontros no site da mostra, uma vez que foram todos filmados.

sábado, 30 de outubro de 2010

Antonioni su Antonioni


Michelangelo Antonioni

"I suggest a new relationship between people and their surroundings." - Michelangelo Antonioni
Michelangelo Antonioni(1912-2007) ficou conhecido pela sua seriedade, e por fazer filmes documentais, mesmo os ficcionais tinham um ritmo próprio, imitando a vida, onde há momentos em que tudo passa de forma acelerada e momentos que parece estar estagnada.


Diretor de Chung Kuo, Cina(documentário feito na china), Blowup, L'avventura, entre outros. Antonioni foi diversas vezes mal interpretado, como uma pessoa reservada, séria e calada, "Muita gente construiu uma imagem equivocada dele. Sua vida era o oposto do tédio e ele não era nada introvertido", diz Carlo di Carlo.


Carlo di Carlo, diretor e amigo de Antonioni, fez o filme Antonioni por Antonioni(2008) de modo a mostrar o verdadeiro Antonioni, o fez atravéz do uso de seu arquivo pessoal onde haviam gravações de diversas entrevistas de Antonioni em programas de auditório, onde ele se sentia à vontade e falava sobre cinema e sobre a vida de forma descontraída e divertida, como o era entre os amigos e familiares.

Durante o filme inteiro você vê Antonioni falando, e se emociona com ele, o filme devolve a voz à Antonioni que a perdeu a fala em 1985, após sofrer um AVC. "Depois que ele sofreu o AVC, em 1985, o contato com os jovens, que o prestigiavam em vários países, fazia muito bem a ele. Hoje, ver que ainda há tantos jovens que se interessam por sua obra me dá a mesma alegria." - Carlo di Carlo após ver uma plateia jovem que o indagava sobre detalhes da vida do cineasta(Encontro na Faap dia 29 após a sessão).

Para quem quiser saber mais sobre Antonioni:
http://www.antonioni.com/biography.php  e claro: assistir ao filme.

Apresentação

"Num sentido metafísico, cultura é uma espécie de "segunda natureza" do homem, uma mediação, uma qualidade de filtro ou lente que permite ao homem formar noções sobre si mesmo e sobre o mundo e, ao mesmo tempo agir. Num sentido empírico, cultura é tudo que o homem faz parcialmente consciente e parcialmente inconsciente, além daquilo que sua natureza biológica o permite fazer. Fazer não significa somente produzir os meios de sua sobrevivência, mas também de pensar, desejar e relacionar-se uns com os outros. Adicione-se a esses atributos a idéia de que o homem, embora pense e faça coisas como ser individual, tem seu pensamento e seu comportamento condicionados por sua existência numa coletividade, a sociedade."(Mércio Pereira Gomes - Antropologia)

Ontem, dia 29 de outubro estava na Faap, aguardando a próxima sessão da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo(pra quem não sabe a Faap está passando filmes gratuitamente), e pensando nos filmes que assisti e encontros nos quais estive presente, me dei conta da sorte que eu tinha de morar em São Paulo e de ter tempo para aproveitar a vida cultural paulistana.

Como nem todos possuem o privilégio de morar em São Paulo, ou em qualquer outra cidade rica em termos de cultura, ou moram em uma cidade rica culturalmente mas não tem tempo para aproveitar essas oportunidades, pois têm que trabalhar/estudar. Diante disso tive a nada original idéia de criar um Blog para tentar repassar da melhor forma possível as vivências que uma cidade como São Paulo proporcionam.

Sei que não sou doutora em nada, nem sou nenhuma espécie de gênio, LONGE DISSO, Culturalize-se nasce no intuito de compartilhar o conhecimento dos grandes artistas, cineastas, criticos, sob a minha óptica. Convidarei algumas pessoas para serem colaboradores no blog, e cada um fará a sua apresentação quando aceitar o convite.