ah, as histórias em quadrinhos. mesmo, desde que me conheço por gente, eu gosto.
lembro-me que meu pai também gostava, mas ele nunca disse isso para mim. o que ele fez foi me apresentar aos 8 anos a uma caixa cinza e branca que ele guardava no quartinho de casa. essa caixa, que eu costumava chamar de caixa de tesouro, estava repleta de histórias em quadrinhos dos anos 50, 60, 70 e 80.
eu me lembro que mergulhei naquilo como se fosse realmente um grande tesouro. e para mim não havia como não ser. eu tinha (acho que ainda tenho) muita imaginação, então as histórias do Tio Patinhas, do Pato Donald, Peninha e do Lampadinha me tomavam de assalto sempre. Era ótimo!
eu arrumava aquela caixa e desarrumava. todos os dias.
lembro-me que um dia distribui todos os quadrinhos na cama de casal dos meus pais. uma cama que tinha uma madeira escura de cabeceira e um colcha felpuda. as revistas iam afundando na colcha e aquilo se tornava a minha sala de aula.
eu era a professora e os quadrinhos tinham cada um o seu lugar e eu perguntava:
- quem tem uma história pra me contar hoje?
e lia uma história dos quadrinhos dizendo:
- muito bem, pato donald, que história boa!
eu fui muito feliz. muito mesmo.
e os quadrinhos, junto com o cinema que eu ia sempre, se tornaram minhas paixões.
lembro-me do cheiro das revistas, do cheiro do cinema, do prazer que eu sentia em ver os filmes e ler as revistas.
eu as guardei. não todas porque algumas de tanto eu brincar, acabaram por estragar. mas guardei algumas e esses dias meu pai me deu outras mais que ele tinha guardado.
- essa são dos anos 50, Lídia. Tenho certeza que você fará bom uso.
a primeira do mickey e outras raridades como a revista proibida do zé carioca, que por ser ditadura, foi censurada no Brasil.
enfim.
as férias eram as mais esperadas: meu pai nos levava a um sebo na cidade e comprava "Almanacão da Turma da Mônica". Já lido, mas não deixava de ser legal de ter, de ler, de passar as férias vendo, pintando. era o mais esperado...
e eu agora eu edito a revisa Café Espacial, junto com meu grande amigo Sergio Chaves. Um revista de: cinema, quadrinhos e literatura.
pode?
essa vida é mesmo incrível.
e eu continuo admirada cada vez que leio algo bom nessa área. como "Maus", "Sete Vidas", "Retalhos", "12 Razões para amá-la" e tantos outros que preenchem minha vida, meu imaginário.
Fora os clássicos: meu primeiro salário da vida foi para o livro da Mafalda, capa dura, coleção completa. Calvin e Haroldo tenho todos. Assim como os do Henfil, do Recruta Zero, do Charlie Brown e os de Charges do Benett, do Angeli, do Laerte.
enfim, não dá para numerar. mas dá para dizer que é um grande alívio saber que o que eu tinha de mais legal na minha infância me acompanha até hoje: os quadrinhos? o cinema?
também.
mas principalmente a paixão. é por isso que levantamos da cama de manhã. por paixão.
e no meu caso, pela paixão por algo tão genuíno meu.
=D
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