Oscar Wilde
Temos o péssimo habito de romantizar o passado e o futuro, geralmente demonizando o presente. Somos eternamente nostalgicos quando o assunto é infância. Quando olhamos para trás só nos lembramos da parte boa: os desenhos, o carinho dos pais(o clássico cafuné e a histórinha antes de dormir,as músicas, os filmes, as brincadeiras,...).
Olhando agora, parece o paraíso, mas era horrível não poder ver certas coisas, não poder ouvir outras, ser sempre o ultimo a saber das coisas, não ter poder de votação(relevante) nas decisões familiares, ter as "pessoas grandes" subestimando a sua inteligencia, para alguns anos depois superestima-la, achando um absurdo você não saber o que é alguma coisa aos 8 anos de idade...Lembra-se que no fim tudo o que você queria era ser adulto logo? Enquanto você sonhava acordado querendo ser adulto, seu irmão ou irmã mais velhos, seus pais, tios(os "adultos") olhavam para você e invejavam a sua vida, muitas vezes falando em voz alta que a "sua vida que era vida" e enunciavam as vantagens da infância... Lembra que nessas horas você ficava se mordendo de raiva? Como eles podiam não perceber que a maior parte das suas brincadeiras consistiam em "brincar de ser adulto"?
"Mar de rosas" |
Quando ficamos adultos tendemos a ver a infância como um mar de rosas, quando ficamos idosos tendemos a ver a infância e a vida adulta como tal, e na infância vemos a vida adulta como um mar de rosas! Mas nem tudo são rosas na vida, a vida é na verdade uma roseira, portanto tem espinhos, tem beleza e dor.
Claro que o grau da dor é diferente, a dor de uma criança em comparação com a dor de um adulto parece irrelevante, mas há que se lembrar que as belezas da vida adulta tendem a ser maiores. Considere a infância como um botãozinho de rosa; a vida adulta como uma rosa.. cada vez mais linda, mas assim como a vida acaba a da rosa também. E assim como a roseira fica lá quando uma rosa morre, o mundo continua aqui quando nós morremos.
Quando estamos demasiado próximos tendemos a olhar os espinhos, esquecendo-nos das rosas. E quando estamos distantes olhamos só as rosas, esquecendo os espinhos. Uma questão de perspectiva: ver somente as rosas não significa que não hajam espinhos; Ver somente os espinhos não significa que não hajam rosas.
Cultive o jardim da sua vida com coisas boas, não deixe que os espinhos lhe turvem demasiadamente a visão de modo a ignorar as rosas que a vida lhe dá. Se a sua vida adulta te deixa entediado, e você vive nostalgico relembrando da infância, ou imaginando o futuro, por que não tenta brincar de ser criança para brincar de ser adulto com a euforia de outrora, tenho certeza de que sua vida adulta não parecerá nem um pouco chata. Talvez seja o segredo para ver além dos espinhos, não que você fizesse isso quando era criança, mas você pode fazer isso agora, olhando através dos seus olhos de infante a vida que tem hoje.
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